
Eram Ana e Zé o casal até que se separaram em uma primavera. No inverno seguinte se encontraram porque havia um livro a ser entregue.
Zé: Oi Ana, como estás?
(Como está diferente, cabelo, olhos, perfume... Linda! Deve ter arrumado outro!)
Ana: Estou muito bem a vida tem me ensinado e muito. Tenho aproveitado bastante! E tu?
(Pensava que eu iria estar atirada deprimida pela tua falta?)
Zé: Eu? Vou muito bem, sim! Os negócios estão dando certo. Tenho viajado bastante. Recebi alta da terapia. Beleza mesmo!
( Preciso passar na farmácia para comprar o remédio para dormir, mas ela não precisa saber disso)
Ana: E as consquistas? Me disseram que estás namorando.
(Diz que não, diz que não, diz que não! )
Zé: Disseram? Te precipitaste nas conclusões. Estou dando um tempo para mim, sozinho. E está bom assim.
(Não há ninguém que importe somente corpos! Não agüento a solidão.)
Ana: Ah, legal. Deves estar bem mesmo. Pelo visto amadureceste, mas foste visto circulando com uma menina.
(Mentiroso! Eu sei que está com a mesma mulher tem meses. Estás querendo dar uma de bem resolvido, logo para mim?)
Zé: É, uma amiga com que tive um lance, só isso. E você? Namorando?
Ana! Eu perguntei se estás namorando
(Diga que não, que não! Não vou agüentar ouvir, não vou !)
Ana: É, tenho saído e conhecido pessoas. Algumas valem a pena, outras não. Sabe como é, as vezes acabo ficando confusa.
(Estou viva, perdeste tua chance, lamento muito!)
Zé: Tá, mas estás namorando?
(Safada! Nem nos separamos de fato e ela já está com outro.)
Ana: Ah, sim.. então... como eu ia dizendo, a questão é essa: nada decidido ainda. Estou vivendo o presente!
(Ai, agora eu estou mentindo. Não encontro ninguém que me interesse de verdade e não paro de pensar em ti, seu bobo!)
Zé: Ah, como estás moderna.
(Quero sumir daqui agora, abra-se buraco!)
Ana: Por quê? Isso importa?
(Cínico!)
Zé: Não! Claro que não! Na verdade, é melhor que fiques com alguém. Sempre foste assim. Não consegues ficar sozinha. Só me preocupo com esses caras que andam por aí. És muito ingênua.
(Não acredito nisso! Quem é essa mulher aí na minha frente? Agora anda com qualquer um? A esmo pela cidade..)
Ana: Sei me cuidar, acho que agora aprendi. Depois de dar cabeçadas, não é? Como te disse, estou bem. Para mim, nada de passado, so há presente e muita luz!
(Tinha que me cuidar contigo e mesmo assim me apaixonei. E nem percebes que tudo que eu queria hoje era um beijo e que me levasses para casa como sempre fizeste)
Zé: Pensei agora.. E ... se... Bom, se tivéssemos tentado mais um pouco, como seria??
(Como ela está segura. Será pose ou o fato de ter se separado a modificou mesmo? Outro homem, só pode ser isso. )
Ana: Pensar em como seria? O fato é que não é, não será! Sabemos disso, tivemos nossa chance, aliás mais de uma até. Agora é tarde. Acabou.
(Estaríamos em casa depois de um jantar assistindo DVD ou nos beijando na fila do cinema ou ... ! Não, isso nunca passará, sempre vou te amar, porque tem de ser assim?)
Zé: É, né.. passamos... É a vida... A página está virada. Estou recuperado também. Mas podemos nos falar como amigos, Ficou a amizade, não é?
(Eu te amo! Tu és a mulher da minha vida. Nenhuma outra será.)
Ana: Claro, a amizade permanecerá se assim quisermos
(...)
Zé: Se precisares de mim para alguma coisa, sabe que é só me telefonar.
(Diz que precisa, me pede para ficar. Porque não entendes que errei mas estou tentando ser melhor)
Ana: Puxa, Zé, que bom. Sim, se precisar eu ligo, mas estou bem agora. Já falamos sobre isso.
(EU PRECISO!!!!)
Zé: Bom, é tarde. Vou tomar meu rumo.
(Em poucos minutos vou desmoronar, não agüento mais essa agonia!)
Ana: Pena...
(ops...)
Zé: Como? Disseste alguma coisa?
(Vai mudar de idéia? Vem aqui, vem..)
Ana: Nada! Só pensando alto !
(Disse sim, mas não ouviste. Te quero, te quero, te quero... Voltaria ao menor sinal, mas não vais fazê-lo. Não me amas mais, paciência.)
Zé: Nos falamos por aí! Te cuida!
(Não me ama mais, é preciso seguir assim mesmo... )
Ana: Te cuida também...
(...)
Seguiram caminhos opostos e o livro, motivo do encontro, permaneceu exatamente onde estava no início de tudo.
Trilha incidental
Estou feliz
Mesmo sozinho
Esse silêncio é paz
Nesse momento cai
Uma forte chuva
Quem vai ficar chorando?
(Mesmo Sozinho, Nando Reis)