3.4.06 |
Foi só uma noite, mas pareceu que todos os dias de sua vida se condensaram em um disco de significados. Ela começava a entender o que estava acontecendo. Olhou para o celular na cabeceira e pela primeira vez em anos não o pegou para verificar as horas ou para saber se havia alguma mensagem da madrugada. Permaneceu imóvel e calada por mais alguns instantes, olhar e pensamentos perdidos. Ergueu-se aos poucos e no grande espelho do quarto, encarou a outra que morava ali há tanto tempo. Sorriram, cúmplices. Contemplou quase imperceptíveis rugas que tracejavam seu olhar e uma marca no meio da testa, sempre tão tensa. Despiu-se, agora enfrentando aquela mulher a contemplá-la. Não houve censura. Rumou ao banheiro e um longo banho com em água em temperatura ideal aos poucos a trouxe de volta do transe. Estava sozinha. No quarto enquanto escolhia a roupa a vestir lembrou do vinho frutado como gostava, do perfume e do som. Lembrou de adormecer sorrindo e do barulho da porta fechando-se, Percebeu a presença de Milan Kundera e a insustentável leveza dos seres que ela mesma excluiu de sua vida. Sim, estava sozinha, e nem todas as noites eram boas, mas havia de fato encontrado-se e isso, por ora, bastava.
Sou fera, sou bicho, Sou anjo e sou mulher Sou minha mãe e minha filha Minha irmã, minha menina Mas sou minha, só minha E não de quem quiser (...) Alguma coisa aconteceu Do ventre nasce um novo coração (Primeiro de julho,Cássia Eller)
Rabiscado por Caila às 10:17 AM |
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Gaúcha de Porto Alegre. Psicóloga, mãe e mulher. Gosto de livros, cinema e vídeo. Amigos, longas conversas, animais e viver bem! |
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