Frente ao destino o que fazer? Pensou enquanto observava as pessoas se dirigirem à saída do ônibus. Deu-se conta que inevitável não era o adjetivo mais adequado à situação, pois optara por estar ali, escolhera os riscos. Sentiu orgulho pelas certezas que o amadurecimento traz consigo e percebeu as dúvidas de seu coração atenuadas.
Olhou pela janela e não reconheceu ninguém. Sorriu aliviada, teria tempo pra organizar-se antes de encontrá-lo. Desceu do veículo, passou as mãos pelos cabelos, colocou os óculos escuros - excelentes aliados - mas, em seguida os tirou, segurou-os nas mãos. Apesar de saber-se adulta sabia-se irremediavelmente inquieta.
Ao longe reconheceu aquele homem caminhando em sua direção. Nada havia mudado. Sorrisos marcaram o início do período em que várias coisas seriam ditas e outras tantas não precisariam disso para que fossem compreendidas. Percebeu que ele também esforçava-se para manter-se calmo e achou graça nisso.
Falaram sobre a viagem, o tempo, ocultavam a apreensão. Ele guiava o carro enquanto os olhos não se cruzavam. A conversa flutuava, assim como a atenção e os corpos permaneciam indiferentes em uma cidade pouco conhecida para ambos. Aos poucos, corações desaceleraram e assuntos entraram em consonância, os olhos se encontraram, assim como, as mãos por rápidos momentos tocaram-se em reconhecimento. Lá estavam revivendo suas coisas como se sempre estivessem estado juntos. Ele, atencioso, cercava-lhe de carinho, ela retribuía cúmplice. Não havia mais lugar para dúvidas e nem reticências, a cada novo olhar a certeza da direção e do toque.
E a vida parou para que estivessem ali entre desejo e afeto, laços de difícil compreensão e pouco controle quando acionados por um encontro que precisava acontecer. Foram vinte e quatro horas imperfeitas, mas de uma paz como há muito não acontecia. Na despedida, um sorriso sentenciou a partida, um forte abraço selou o inexplicável sentimento que cada um levou consigo e uma lágrima silenciosa os direcionou novamente às suas vidas.
Trilha incidental
Viva todo o seu mundo
Sinta toda liberdade
E quando a hora chegar, volta...
(...)
Vai dizer que o tempo
Não parou naquele momento
Eu espero, por você
O tempo que for
Pra ficarmos juntos
Mais uma vez
(Uma vez mais, Rogério Flausino e Fernanda Mello)
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Comunidade do Reflexões no ORKUT
Eu leio Caíla