12.3.06 |
Ele um pouco mais velho, sorriso sedutor em uma aura de quem sabe muito de tudo mas não pertence a lugar nenhum como um lobo do mar. Ela displicente, tentando encontrar o ritmo certo para engrenar sua direção, Se mantinham a distância, mas a persistência do navegador foi rompendo aos poucos todas as defesas. O encontro foi como tantos outros: não soaram clarins, não havia tapete vermelho, ao toque ela percebeu que poderia sentir-se segura e ele que estava a beira de um abismo, em sua ótica assustada, sem volta. Retirou-se do cenário sem explicar, ação não compreendida por ela há muito fora dos encontros emocionais. Confusa entreteve-se em outros mundos e aparentemente o esqueceu, ainda que, por vezes, sozinha tentasse entender porque nunca mais ouvira a sua voz. Porém, ele retornou ao exato lugar onde estiveram juntos e ela estava lá. Não o esperava, mas por algum motivo aparentemente inexplicável passara ali e se detivera em suas recordações. O reencontro foi demorado e dolorido para ele amedrontado pela intensidade daquela mulher de funcionamento ora jovial, ora tão profundo que lhe superava as expectativas com facilidade. Por vezes, ele a caracterizava como inteligente, sagaz, mas sabia que era muito mais que isso. Tratava-se do olhar e da palavra que lhe atingiam a alma com precisão emitindo o som exato que necessitava. E ela era tão diferente das outras mulheres! Nunca acreditara na máxima da mulher bonita e fútil, mas preferia sentir-se agraciado por um espécime escultural de fácil manejo a uma mulher discreta, sem grandes atrativos físicos e com nuances intelectivas e emocionais tão intensas. Aquela mulher, aparentemente tão normal, o atraía, o superava, o impedia de afastar-se por muito tempo. E ele a contemplava perplexo enquanto tentava driblar o abismo de sentimentos que crescia a seu lado. _____
Pablo Neruda ____
Rabiscado por Caila às 9:00 AM |
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Gaúcha de Porto Alegre. Psicóloga, mãe e mulher. Gosto de livros, cinema e vídeo. Amigos, longas conversas, animais e viver bem! |
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