30.3.06 |
A última vez que se apaixonara não fora muito bom. Aliás, não conseguia entender porque se enamorava com freqüência e volta e meia lá estava, sozinho e em busca de uma nova história de amor. Era como trocar de curso na universidade. Gostava de tantas coisas e ao mesmo tempo nada parecia tão atraente a ponto de ir até o final, ou como cuidar de si: desde que terminara o colégio militar, e isso há quase duas décadas, já adotara todos os comprimentos possíveis de cabelos e cortes diversos, assim como, optara por estilos de vida variados. Ele precisava experimentar de tudo para saber o que realmente queria. Mas vivendo a terceira década de vida há bastante tempo as coisas não aconteciam mais de forma tão impulsiva. Já reconhecia seus altos e temia seus baixos, sentenciava seus momentos de dor e gerenciava os instantes em que necessitava de maior apoio da família e dos amigos. Aprendera ao longo dos anos que precisava sobretudo deles. Apesar das dores já sentidas, não temia o amor, mas aprendera a projetá-lo em sua vida da mesma forma que rumava com segurança ao término de seu primeiro curso universitário. Mesmo levando uma vida pacata enquanto tudo amadurecia a sua volta, guardou o encantamento adolescente e uma certa ingenuidade acerca do mundo e das pessoas, além de uma doçura que só os que o conheciam desde sempre sabiam identificar: uma forma de estar presente nos momentos mais importantes, delicados ou confusos e logo em seguida sumir por meses, anos ou mesmo séculos. E foi exatamente seu jeito leve, e outros atrativos que pobres interlocutores nunca saberemos, que acabou por chamar atenção de uma menina pronta para amar pela primeira vez. Com metade da sua idade, livre de sofrimentos ou medos ela transgrediu suas regras e anunciou-se em sua vida. Ele, envaidecido, mas sobretudo assustado frente a intensidade do afeto desperto em seus encontros percebeu que não havia como retroceder, pois todos caminhos o levavam ao aeroporto e aos braços daquela garota. E que dessa vez houvesse capacidade para um amor intenso como o que procurava há tanto tempo. Trilha incidental Menino e menina Se conheceram quase sem querer Não foi por obra do acaso Tinha mesmo que acontecer Eles se julgavam diferentes Como todos os amantes imaginam ser Paralamas
Rabiscado por Caila às 9:00 AM |
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Gaúcha de Porto Alegre. Psicóloga, mãe e mulher. Gosto de livros, cinema e vídeo. Amigos, longas conversas, animais e viver bem! |
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