A Brito, Luz Zenital
Falas muito...
Eu? Falar muito. Tá bom, eu falo mesmo. Mas sempre ouvi que minha conversa é interessante, inteligente, envolvente, engraçada, agradável e mais uma coleção interminável de elogios à minha oratória, que sempre foi, sem sombra de dúvidas, um dos meus pontos fortes aliados ao meu olhar e bom humor.
As palavras constituem meu instrumento de trabalho e minha arma de sedução, minha ferramenta de busca e minha maior arma de batalha. Sou Golias e sou Sininho utilizando a oratória. Se fosse optar, seria a Medusa de Andersen e ficaria com a voz da pequena sereia, mas jamais ansearia por pernas para locomoção, a voz é que me leva onde preciso ir.
A oratória me guia, as idéias me orientam. Sou o que falo, me traduzo através dos pensamentos.
Leio em compulsão, mas não sou literata ou intelectual. Gosto da feira, do cotidiano, da gíria, mas também da prosopopéia, da figura de linguagem mais rebuscada do português que exige concentração. Gosto das informações precisas e acadêmicas, mas não sou prolixa, gosto da praticidade e da intervenção simples e pontual: sou cotidiana! Só, por favor, não me digas que falo demais!
"Amo tanto as palavras
As inesperadas
As que avidamente a gente espera, espreita até
que de repente caem
Vocábulos amados
Brilham como pedras coloridas,
saltam como peixes de prata, são espuma, fio, metal, orvalho
Persigo algumas palavras
São tão belas que quero colocá-las todas em meu poema ... "
Pablo Neruda