Lasar Segall, Maternidade Eu era uma mulher normal que vivia entre centenas de outras mulheres que namoram, casam ou não e engravidam. De tempos em tempos um chá de fraldas, uma visita à maternidade ou uma aposta para ver quem seria a próxima gestante. Com a ressalva de que a cegonha nunca passava na casa das amigas mais próximas e por isso eu não me sentia tia.
Mas aconteceu! E quando certas coisas acontecem sempre vêm acompanhadas de outros fatores.
Primeiro foi a amiga loira. Sonhei que ela havia engravidado e estava muito feliz contando a novidade. Falamos-nos e fiquei sabendo que seu marido estava fazendo a reversão da vasectomia e que iriam tentar um bebê. Eis que alguns meses após, Antônio desenvolve-se maravilhosamente em seu ventre enquanto a tia aqui baixa todas as canções que encontra de ninar da internet, compra roupinhas e torce por um convite para ser dindaDepois foi no inverno.
Sonhei que a amiga pseudo-americana havia telefonado felicíssima contando de sua gestação. Relevei, ela nunca havia manifestado desejo e já estava casada há alguns anos. Mas no natal Papai Noel deixou na árvore, ao invés de presentes tradicionais, a décima semana de uma gestação de um bebê abençoado que nascerá em solo americano e que por essa razão não verei com tanta freqüência.
Por fim, semana passada sonhei que minha amiga-afilhada estava também muito feliz, linda e gestando um bebê. Três dias depois fico sabendo que os contraceptivos saíram da vida do recente casal dando lugar ao ácido fólico e que o quarto do computador poderá receber, sem nenhum problema, um berço
A partir disso precisarei modificar todo meu futuro.
Se a terceira amiga engravidar além de me sentir de fato tia, abandonarei minhas duas profissões, me especializarei em "comunicação pré-gestacional" e me convencerei de que o mundo engravidou e eu estou recebendo os telegramas.