Quem a vê flutuar pelo bairro boêmio da cidade não tem como não prestar atenção naquela mulher. Corpo delicadamente moldado e adornado com acessórios variados. Anda com desenvoltura, fala alto, gesticula, sorri. Seus maneirismos e colocações da moda combinam com os cabelos displicentes e seu jeito adolescente. Desperta atenção dos homens pela sensualidade e das mulheres pela simpatia. Manipula informações, se for necessário, emociona-se com facilidade, nem sempre consegue ter uma percepção correta a seu respeito. (foto Cris Carraconde)
Se o salto é alto, quinze. Se a saia é curta, mínima. Se é uma blusinha, irreverente. Piercing, cinco. Por onde passa libera alegria e encantamento. Empática e segura é possível admirá-la enquanto espera sua primeira cerveja da noite que alguém ira pagar-lhe. Na conversa solta, no sorriso franco, aquela mulher ganha espaço e faz mais e mais contatos. E segue assim, nenhuma pessoa incólume a sua presença, a rua lhe pertence, o mundo é dela. Até que em seu carro desaparece.
Quem conhece seus inimigos íntimos? Quem compartilha suas dores quando sozinha em casa a proximidade dos trinta anos a impele a ser alguém que não mais consegue em uma família tradicional, com cobranças rígidas e em moldes muito mais pacatos do que ela poderá ter em um de seus dias mais tranqüilos? Os patins que usa parecem nem sempre estar adequados aos terrenos em que anda e ousa sempre querer andar mais e mais.
Se, por vezes, faltam-lhe condições, sobram-lhe estratégias como simpatia, graça e persuasão. Se a carteira está vazia, surgem-lhe amigos, bom humor e afeto em família. Se mais equilíbrio busca, resta-lhe perseverança e fé!
"Dezesste anos e fugiu de casa
As sete horas da manha do dia errado
Levou na bolsa umas mentiras para contar
Deixou para trás os pais e o namorado"
(Natasha, Capital Inicial)