·°¯`·? Reflexões depois dos 30 ?·´¯°·

17.9.06

Meninos iguais, violências diferentes

Diego Riveira, Espalda

A professora sai de casa às 6h20min todas as manhãs. Em sua bolsa, além dos pertences habituais, a responsabilidade de incitar o desejo pela aprendizagem em seus alunos da periferia de Porto Alegre para que não criminalizem suas vidas e para que sejam retos em suas escolhas. Na última terça-feira enquanto caminhava em direção ao ponto de ônibus observou ao longe uma imensa bandeira de seu Estado anunciando as festividades no acampamento Farroupilha. Orgulhou-se.

Iniciaria um devaneio otimista acerca da vida se seus pensamentos não fossem duramente interrompidos por dois meninos - iguais a todos os outros - fitavam seus olhos pronunciando palavras fortes enquanto lhe surravam e pressionavam o cano prateado de uma arma contra seu corpo. Rapidamente levaram seus pertences e desapareceram na neblina correndo em direção ao brasão rio-grandense: tão iguais a todos os meninos que já conhecera, tão diferentes de todos que já a abordaram.

Recorreu algumas horas mais tarde à Oitava Delegacia de Polícia. Já em outro bairro, pois muito assustada preferiu passar o resto do dia na companhia de sua mãe e irmã. Lá pemaneceu aguardando o inspetor sentada, nervosa, em silêncio. Passadas quase duas horas o profissional da segurança aponta de dentro de sua sala em direção a ela e dirigindo-se a recepcionista fala em voz bastante alta: "Aquela ali não vou atender porque nem é da região e tá na hora do meu almoço".

Como não atender em hora de almoço se Delegacias mantém plantão vinte e quatro horas? Como não receber alguém que acaba de ser assaltado?

Eis que a cidadã, de filiação conhecida, CPF em estado regular, princípios éticos e políticos e ampla formação profissional se torna "aquela ali" e sente-se novamente violentada. Desta vez não por aqueles que estão a margem por disfuncionalidade emocional ou por conjuntura social, mas por um agente da segurança alguém com responsabilidades além das profissionais e que apesar disto a relega e a aliena de um direito básico sem sequer dirigir-lhe a palavra. Qual a maior violência?

Rabiscado por Caila às 5:34 AM


MEU HUMOR

Quase semprebem humorada
PERFIL

CAÍLA
ANA CAROLINA

Gaúcha de Porto Alegre. Psicóloga, mãe e mulher. Gosto de livros, cinema e vídeo. Amigos, longas conversas, animais e viver bem!


Últimos Posts

  • A louca
  • Casa
  • Chocolate?
  • Janela de outono
  • DÉJÀ VU
  • Domingo
  • Em mim
  • Encontro
  • Vazio
  • Fakes (falsos)

  • ARQUIVO

    Dezembro 2005
    Janeiro 2006
    Fevereiro 2006
    Março 2006
    Abril 2006
    Maio 2006
    Junho 2006

    BLOGS

    Av Copacabana
    Café do Dom
    Instantes(Élcio)
    JKishin
    Nambiquara
    Não discuto
    Nimbypolis
    Pra hoje(Bill)
    Sayô
    Sexo e poesias
    Ventania
    Weberson Santiago

    O LIVRO

    Corpo e Alma em Verso e Prosa

    Organizado pela Loba e com a participação de vários amigos blogueiros. Uma "brincadeira pretensamente literária"

    lobamulher@uol.com.br

    CONTADOR


    on-lineeXTReMe Tracker

    CRÉDITOS

    Grace Olsson
    Hosted at Blogger
    Comments by Haloscan




    EU APOIO







    EU GANHEI: